Por que defender o movimento sindical?

João Guilherme Vargas Netto é consultor sindical e atua no meio desde a década de 1970. Profundo conhecer do movimento sindical, Vargas Netto considera que é preciso adotar novas estratégias para a manutenção e defesa dos sindicatos nesses novos tempos.

Vargas Netto concedeu uma entrevista ao site Brasil de Fato, de onde buscamos algumas informações sobre suas ideias sobre o movimento sindical.

O sindicalista considera necessário recompor as forças sindicais após a reforma trabalhista, combatendo a partidarização, a opção político-partidária e deixando fluir uma pauta natural do movimento sindical, resistindo aos efeitos da recessão que ainda está presente na economia.

Vargas Netto afirma que é preciso evitar a criação de uma divisão entre trabalhadores formais e sindicalizados e os trabalhadores informais, muito embora não seja possível encontrar uma solução para o conjunto dos sindicatos, já que eles possuem dinâmicas diferentes.

Hoje, de acordo com o sindicalista, é preciso que os sindicatos lutem pela criação de empregos formais, que devem ser mantidos para que a economia tenha maior crescimento.

Uma das questões básicas para o movimento sindical é evitar a partidarização, que se mostra como um desvio na relação entre empregados e empregadores. Como a economia está em um ponto que ele considera crítico, é essencial que o novo governo continue com as políticas sociais. No entanto, é necessário que o governo tenha maior conhecimento das necessidades dos empregados formais e do próprio movimento sindical.

Movimento sindical deve buscar maior união

Mesmo sem uma política definida para os sindicatos, Vargas Netto diz que não aprova a ideia de pluralidade sindical de forma anárquica, como descrito no programa do novo governo. O consultor diz que é necessário que o movimento sindical recupere sua capacidade de ação unitária, garantindo que os sindicatos possam ter como associados apenas trabalhadores de uma mesma categoria.

Para ele, é essencial que haja respeito à Constituição, respeito aos direitos adquiridos e reivindicação por emprego de qualidade. O movimento sindical, portanto, deve se preocupar em lutar para manter a política de ganho real, acima da inflação do salário mínimo, uma questão que o governo deve resolver até o final de 2019, último ano da política implementada pelo governo anterior.

Vargas Netto também afirma que não se deve abolir a luta de classes, que é fundamental dentro de nossa sociedade. Segundo suas ideias, a vitória do novo governo é a vitória de um polo nessa luta, que vai persistir.

Vargas Netto diz que o movimento sindical possui experiência na defesa dos trabalhadores e dos direitos por ele adquiridos ao longo do tempo. No entanto, esse movimento não possui qualquer experiência em organizar os desempregados, dando atenção apenas aos sindicalizados e devidamente registrados.

Diante disso, certamente, a luta deve ser em torno da busca de empregos formais, situação que vai garantir que os sindicatos, mesmo não tendo mais o aporte da contribuição sindical obrigatória, definido pela reforma trabalhista, possam dar continuidade ao seu trabalho, garantindo a assistência oferecida aos associados e, ao mesmo tempo, buscando agremiar profissionais da mesma categoria ainda não empregados.

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